A promessa não cumprida do século XXI

Acreditávamos na pergunta “o que você quer ser quando crescer?”. Ou seja, o interlocutor supunha que existiria escolha e que nós tínhamos opções.
Talvez muitos realmente acreditassem nisso e acreditem até hoje.


Mas ao mesmo tempo decisões políticas, econômicas e financeiras tomavam sentido contrário, escrevendo a resposta – não haverá participação, emprego, muito menos realização pessoal no futuro breve. 

Parece que esse futuro breve chegou. A estagnação econômica evidenciou um sistema político excludente, onde os governantes aceitam qualquer negócio para manter um mínimo de poder de transformação social, porque o mercado já mostrou a todos que ele é quem manda. Os governantes fazem as tripas coração, roubando e contratando as melhores agências para mostrar uma imagem de que algo está melhor do que ontem, melhor do que jamais esteve em outro momento da história.

Melhor pra quem? Quem decidiu o que era melhor? Qual é esse conceito de progresso?

A juventude que se qualificava em um período anterior a crise de 2008 poderia acreditar que o seu lugar no horizonte estava garantido, a política mesmo não importava, o salário seria farto e o carro uma potência.
De fato se você respondeu a pergunta quando era pequeno, provavelmente se envergonha de falar a resposta em voz alta. “Jogador de futebol”, “médico”, “piloto de avião”, “gerente de banco”.
Para as pessoas que vem de famílias, que passaram trabalho para financiar os estudos dos filhos, mesmo que estudem em Universidades Públicas, as respostas já viraram piada ou frustração.
Infelizmente existe o momento no qual você percebe que os caminhos escolhidos, os rumos do progresso; casa; carro; casamento; etc. não poderão ser atingidos. Ou pior, eles nem constam no lugar mais longe do seu horizonte de possibilidades para o futuro.
Mas essa era a promessa – você poderia desistir, do casamento, mas viveria uma vida confortável curtindo como bem entendesse. Também não foi cumprida.

Por quê? Fomos enganados?

De certa forma nós vivemos em um mundo de abundância de informações, e mecanismos nos quais elas circulam, internet, celular, facebook, alguém um dia pensou que isso iria gerar o emprego que cada vez mais faltava na indústria e na produção de alimentos.
Essa pessoa não só achou como; financiou casas, carros, e bens de consumo. Estando certo de que a economia ia obter ganhos de produtividade elevados e que a tecnologia ia dar emprego para todos.
 A promessa não foi cumprida, o crescimento da tecnologia não proporcionou mais emprego de forma geral, pelo contrário, Apenas alguns “super especialistas” conseguem emprego, gerando pequena necessidade de assistentes – (assistente de auxiliar de desenvolvedor de tecnologia de polímeros).
Além disso, a indústria continuou a reduzir a necessidade de pessoal e impor regimes de trabalho cada vez mais duros. O campo é um massacre (Grandes produtores tudo- pequenos produtores nada).

Mas o que rege uma sociedade tão desigual, que não pode oferecer oportunidade de integração social para os jovens que chegam as portas do mercado de trabalho?

Essa resposta ficou tão difícil. Os governantes multiplicaram o número de vagas em cursos superiores, acreditando que isso por si só resolveria o problema. Não imaginavam eles que isso formaria diplomados sem emprego. A política pequena errou, não pediu opinião, agiu para manutenção do poder.unemployment-grads-cartoon1
Hoje existe uma massa de jovens que não se contenta apenas em perceber o erro, a política que deu errado terá de mudar. Mesmo sem experiência de filiações partidárias esses jovens irão intervir na grande política nacional e mundial.

Porque o que acabou com o futuro dessa geração não foi uma lei, foi um conjunto de ações cruéis que eliminaram as oportunidades em prol de uma breve manutenção do status quo político mundial.

Se não há solução, também não ficará sem resposta.

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