São José na visão de Telmo Vieira


   Trabalhando no setor pedagógico do Colégio de Aplicação da UFSC, com roupa casual, em meio aos trabalhos que se acumularam após um longo período de greve, Telmo Vieira, passa despercebido como homem público, ali ele é o Professor e servidor da UFSC, onde trabalha desde 1993, nada mais.
     Porém, a sua história como político no município ao lado, São José, já é bastante longa e o que ele fez, viu e testemunhou faz parte da história do município. Essa história pode nos ajudar a pensar no presente e no futuro.
     Foi fundador do PSDB em São José, em 1992, desde então a sua vida pública não parou, mesmo que políticos já tenham anunciado o seu fim. Em 1996 ficou na suplência da Câmara de Vereadores, mas ingressou na prefeitura através da Secretaria de Meio Ambiente, teve como principal eixo de trabalho a coleta seletiva, onde prezava por uma coleta que conscientizasse as pessoas do papel da separação.
    Essa ação pioneira deu origem à coleta com pontos fixos, onde as pessoas se deslocavam para entregar o seu lixo, essa postura, segundo Telmo, é o que fará com que a sociedade fique mais sustentável.
    Depois acabou assumindo na câmara, onde ficou até o final do mandato, sendo eleito em 2000, na segunda gestão de Dário Berger. Ficou na câmara durante todo o mandato e foi eleito pelos seus pares como o melhor vereador da tribuna.
    Telmo Vieira avalia a primeira gestão de Dário como divisora de águas em São José, o prefeito estava presente, sabia as necessidades da população, que estava acostumada com o estereótipo de “sombra de Florianópolis”. Com uma gestão focada nas necessidades da população Dário se tornou um político admirável em São José, sua reeleição foi histórica, a população josefense começava a se perceber como cidadã de um município.
    A segunda gestão do prefeito não foi pautada pela mesma coincidência de vontade política e anseios da população, um dos dois mudou, mas o fato é que Dário não poderia ser reeleito e seus planos já estavam em outro horizonte. Contudo, mesmo com uma eleição razoavelmente apertada, se comparada com a anterior, Dário Berger fez seu sucessor, Fernando Elias (43%) contra Gervásio Silva (34%).
    Eleito, Fernando Elias incumbiu Telmo de uma missão bastante curiosa, que olhando em retrospectiva parece até engraçada – Criar a Universidade de São José.
Como um município pequeno como São José, com recursos limitados, grandes problemas de gerenciamento, poderia criar uma Universidade?
    Foi uma promessa de campanha infeliz, ou seria, se Telmo não tivesse tanto gosto pela educação e vontade de criar um novo horizonte para São José. Além disso, Fernando Elias deu autonomia para Telmo, que a partir de uma sala cedida pelo Fórum de São José, começou a conceber a estrutura da USJ. Tinha que ser uma Universidade pequena e enxuta, não poderia utilizar os recursos da educação, caso contrário o município estaria fugindo a sua obrigação.
     A USJ foi concebida com uma estrutura administrativa pequena e Telmo argumentava com Fernando Elias de que a Universidade era uma possibilidade para jovens saídos da rede pública de ensino, além disso, os cursos voltados para as necessidades do município poderiam capacitar os jovens, além de dar treinamento para professores e profissionais da rede de ensino, seria um ciclo longo, mas benéfico. 
   A USJ atualmente possui atualmente quatro cursos de graduação, reconhecimento do conselho estadual de Educação, além de ter obtido nota máxima no MEC em 2011.
    Mas nem tudo são flores na trajetória da USJ, nem de Telmo. O Professor se aliou a Djalma em 2008, conforme ele, as convenções partidárias levavam a uma aliança PSB e PDT, como único nome do PDT no município, ele foi o lançado a vice pelo partido. Definiu que não seria apenas um vice, atuaria em prol da educação no município e pela autonomia da USJ, assim como uma sede própria e um colégio de aplicação, conforme ele, esse era o acordo com Djalma Berger.
   O acordo e o plano de governo, que Telmo Vieira fez para a campanha de Djalma, foram juntos para o buraco assim que o atual prefeito foi eleito. O Professor afirmou que conhecia muito pouco Djalma, assim como a sua vida pública e foi surpreendido por seu perfil autocrático. O resultado foi que Telmo perdeu seu gabinete e cortou a relação com o Prefeito.
   Por fim, Telmo se candidatou a vereador em 2012 e apoiou a candidata que se opôs a Djalma, Adeliana Dal Pont. A candidata foi a vencedora, porém ele não conseguiu sua cadeira na câmara, ficando como primeiro suplente do partido. O professor acredita que as campanhas de São José adquiriram proporções estratosféricas na última eleição, principalmente a dos vereadores, o cidadão, por outro lado, continua suscetível à troca de favor nas campanhas eleitorais.
    As perspectivas para o futuro são difíceis, conforme Telmo, a composição da câmara é um desafio político para a prefeita eleita, mas o professor acredita que um avanço será feito, a população mostrou que a gestão municipal distante da vontade da população não será mais aceita. O Professor Telmo afirma que gestões autoritárias e feita para os amigos, não tem mais espaço no município. O prefeito tem que entender que ele não é o senhor absoluto da cidade, ele é um servidor público.

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