O grito dos sem representantes
... Contudo serão representados ...
Diante desse cenário é bom fazermos algumas considerações:
Em Florianópolis no segundo turno nas eleições à Prefeitura de
Florianópolis, do total de 322.875 votos, 30,67% corresponderam a
abstenções, brancos e nulos.
Em São José, 29,5% dos eleitores anularam, votaram em branco ou se absteram da votação. Em um total de 146.291 eleitores, 43.155 não tiveram seus votos validados.
Inicialmente é bom separarmos as categorias.
- Primeiro: as abstenções são de difícil relação, os eleitores registrados na cidade que se ausentaram a votação podem ter o feito por infinitas razões.
- Em segundo plano temos os votos brancos, que de acordo com a lei Nº 9.504, de 30 de Setembro de 1997, é registrado para fins estatísticos, mas NÃO é computado para candidato ou partido político que esteja em vantagem na quantidade do numero total de votos, para isso temos a tecla Branco na Urna eletrônica.
- Em terceiro temos o voto nulo, que é quando o eleitor insere um número que não corresponde a nenhuma das opções de voto.
Tanto o branco como o nulo, são computados como votos não válidos. Atualmente com a urna eletrônica nós supomos que o voto nulo é um voto de protesto, dado que o eleitor inseriu um outro número, que teoricamente representaria a sua vontade.
Essa suposição faz sentido?
O voto nulo, antigamente era utilizado para a cédula em papel, quando uma pessoa assinalava mais de um candidato ou rasurava a cédula, atualmente não vejo motivo para que esse nome seja utilizado.
Para fins eleitorais, na minha opinião, o nome utilizado deveria ser "Nenhum dos Anteriores", como é utilizado em outros países, dessa forma "oficializaria" o voto de protesto.
De outro modo, o voto nulo pode ser um ato de protesto, ou não, essa dúvida é boa para quem se elege e detém o poder e ruim para a população.
Quantos Anularam?
Em Florianópolis 25.548 optaram pelo voto nulo, 7,91% do total de eleitores registrados.
Um número de votos suficiente para mudar o candidato eleito, portanto, esses votos deveriam ser levados em consideração para fins políticos, mesmo que não o sejam para fins eleitorais. Mas não é muito provável que isso ocorra, porque o benefício da dúvida (se foi um erro, ou proposital) está a favor do eleito e contra o eleitor.
Em São José 9.582 optaram pelo voto nulo, 7,64% do total de eleitores registrados.
Foi um número expressivo, mas seria insuficiente para alterar o resultado das eleições, o que deixa o voto nulo ainda mais "nulo".
E Agora?
Diante desse cenário é bom fazermos algumas considerações:
- Mesmo que o cidadão não exerça o seu direito ao voto, ele deve exercer a sua cidadania.
- Não ter um representante no dia das eleições é algo frustrante para o indivíduo e ruim para a democracia, portanto se aproximar da política e suas discussões deve ser um exercício de todos para que esse fenômeno diminua.
- Por outro lado, as nossas eleições são definidas por recursos financeiros/econômicos, acima de ideias e talvez até de partidos políticos. Esse quadro não parece apresentar muitas mudanças o que deixa o eleitor consciente cada vez mais cético, e o eleitor "inconsciente" cada vez mais propenso a vender seu voto.
- Mas o ceticismo do eleitor consciente pode ser a vitória do político corrupto e a perpetuação do círculo vicioso.
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